terça-feira, 22 de novembro de 2016

Smoke on the water...



Havia uma época nos anos 80 que existia um disco que se fazia presente em todos os lares de quem curtia esse tal de rock n´roll. O cara podia curtir progressivo ou punk, folk ou até metal, mas no meio de sua coleção de discos sempre ele aparecia impoluto, soberano e reinava no meio das festas, no momento de “air guitars” no churrasco ao meio do “mico” coletivo. Esse disco era o Machine Head do Deep Purple do ano de 1972. Clássico instantâneo, seu virtuosismo, sua “velocidade” a capa espetacular tudo jogava a favor do disco, era colocar o vinil na vitrola e aquele ar de serenidade na reunião com os amigos se perdia completamente. Nessa época havia uma frente nostálgica que se recusava achar que o novo som inglês que tocava freneticamente na rádio Fluminense, a maldita não era o Rock N´Roll autentico e essa vertente nostálgica que se recusava “passar pelo o ano de 1975” tinha nesse disco do Deep Purple sua referencia Máxima. O Purple junto ao Black Sabbath e ao Led Zeppelin formava a santíssima trindade do tal Rock Pesado era heresia pura tecer qualquer comentário de critica a banda por menor que fosse correndo risco a ficar no limbo total das amizades que se seguiam naqueles anos oitenta. Mas devo dizer que nunca fui um fã ardoroso da banda de Ritchie Blackmore em vários momentos eu achei o Deep Purple, datado, cafona e até chato. Tudo se devia ao tecladista Jon Lord que incorporava ao som pesado da banda elementos de música clássica e me fazendo ligar em outras bandas e outros artistas. Mas em Machine Head é inegável que eles atingiram o ápice criativo, tanto nas composições e como instrumentistas, o virtuosismo não é excessivo, tudo no álbum parece ser metricamente calculado. O Cantor Ian Gillan mostra como um “Band Leader” pode fazer com sua voz, e é impressionante o que ele canta nesse disco. Ritchie Blackmore, que detratores dizem ser uma mala, um chato, mas independente de qualquer coisa é um grande guitarrista que constituiu um estilo próprio e inconfundível, toca demais no álbum se tornando assim um dos maiores músicos das seis cordas e junto ao eficiente Roger Glover no baixo e o soberbo baterista Ian Gillan fizeram o Purple uma das bandas mais famosas dos anos setenta, com uma fama que duraria por anos a fio mesmo depois do fim da banda. Machine Head e o ao vivo Made In Japan eram citados sempre pela rapaziada prafrentex como discos clássicos, discos que você teria que ter na sua estante. Mas a minha implicância sempre foi o órgão de “churrascaria” de Jon Lord. Achava excessivo ao som do grupo. Mas as composições desse disco são tão sensacionais que até isso passa batido! Ao começar por Highway Star que abria o disco já levantava qualquer defunto com seu pique extraordinário, junto ao blues Maybe I'm a Leo, a “pop” Never Before, a espacial Space Truckin com o solo viajandão  de Jon (sem ser chato!) e claro a espetacular Smoke on the water com seu riff de guitarra inconfundível, clássico supremo até aos dias de hoje, hit absoluto em todas as festinhas de hoje, ontem e sempre. Com o tempo o disco passou a ser velho, datado, muito sintonizado a uma época como os anos 70, mas não poderia deixar de citá-lo como um dos mais ouvidos - Deep Purple – Machine Head

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Don't stand so close to me...



1981 rolava solto, eu chegando perto da puberdade e o rock já era a trilha sonora para todos os momentos de frustração a alegrias. Eis que numa viagem ao interior do estado do Rio de Janeiro eu descubro a new wave de um “power trio” de instrumentistas geniais e visual “platinado”.tudo se deu através de uma coletânea de sucessos da CBS, que reunia um time “all star” do cast da gravadora que minha tia tinha comprado para embalar o final de semana em Araruama. Então entre Earth, Wind & Fire, Julio Iglesias, Michael Jackson e Supertramp tocava uma musica com refrão estranho chamado de “Dedododo Dedadada” que já tocava nas rádios tupiniquins graças a uma versão de gosto duvidoso do grupo Fevers, nome da banda? The Police! O que bateu de cara foi a bateria espetacular que sobre saia logo de Stewart Copeland. De algum jeito a música foi um “hit instantâneo” naquele fim de semana chuvoso na região dos lagos, e ficou grudado na cabeça. Claro que na volta ao Rio queria saber de tudo do The Police.  Tratei de me interagir melhor com o som e os discos da banda, por sorte minha um colega de sala de aula tinha o último disco que tinha sido lançado, o álbum em questão era o espetacular Zenyattà Mondatta, lançado um ano antes, 1980. Ao me emprestar para uma “temporada de verão” na minha casa me deparei logo de cara com vários ritmos que até então era desconhecidos ou pouco explorados por mim na minha tenra infância como o reggae, ska e o “jazz experimentalista” Na época existia um programa de vídeo clips na TV educativa que rolava aos sábados “Don´t Stand to Close to Me” que aparecia sempre era a musica que abria o álbum, clip livremente inspirado em Lolita de Nabakov, com Sting personificado em um professor, antiga ocupação do baixista. O som indecifrável era uma questão em particular com o Police. Era a tal New Wave que eu só viria saber anos mais tarde (e que já assolava a Inglaterra) o que realmente se tratava. “Drive to Tears” com o seu groove hipnótico com a cozinha Sting/Stewart Copeland e “When the World Is Running Down, You Make the Best of What's Still Around” era irresistíveis clássicos absolutos de uma época, passando pelo “mantra” “Voices In My Head” e o Hit “Dedododo Dedadada” o ska “Man in the Suitcase” ao Reggae/jazz quase dub “Shadows in the Rain” tudo era perfeito em Zenyatta. A produção de Nigel Gray, o encarte de fotos com Stewart Copeland sentado ao seu kit de Bateria, Sting tocando com um baixão acústico e Andy Summers, o guitarrista, com um guarda chuva nas ruas de Amsterdam, cidade aonde foi gravado o álbum tudo era um deleite para mim em cada audição.  Passado tantos anos depois da primeira audição ainda tenho Zenyatta Mondatta como o álbum definitivo do grupo, acho que nenhum outro disco chegou ao ponto criativo e de absoluta felicidade nas composições do que nesse álbum. Depois de Zenyatta a história é mais do que conhecida, Police conquistando o mundo e se tornando uma banda com vários hits no planeta, passou ser uma banda do primeiro escalão do rock. Em 1982, o Police chegou a tocar no Maracanazinho com um público para “Botafogo x América”, a rapaziada estava mais preocupada com os dias de reinado momesco que estavam prestes a chegar. Anos depois em 2007 na tour de reunião eu por motivos financeiros e monetários perdi a oportunidade de vê-los  ao vivo e a cores, grande frustração! The Police junto ao Clash foram fundamentais para consolidar o meu conceito de arte, de estar fora do padrão concebido e preestabelecido. Que o Rock caminhava para outros lados e outros caminhos. Sem preconceitos.