Um dos heróis da Copa de 70, ocasião em que o Brasil conquistou em definitivo a Taça Jules Rimet ao sagrar-se tricampeão. Peça fundamental desta conquista, ganhou o apelido de Furacão da Copa tendo marcado gols em todas as partidas, até agora ninguém mais igualou esta marca.
Considerado por ex-companheiros de profissão e pela parte mais categorizada da crônica esportiva brasileira e estrangeira como um dos maiores atacantes de todos os tempos, unia em doses excepcionais técnica, velocidade, força, preparo físico e valentia, características que o imortalizaram como um dos maiores ídolos do Botafogo de Futebol e Regatas, além de outros clubes pelos quais passou, caso do Cruzeiro de Belo Horizonte e do Olimpique de Marseille.
Tostão, também campeão do Mundo em 1970, depois cronista esportivo de muita credibilidade, considera-o como um dos maiores craques brasileiros de todos os tempos.
João Saldanha, talvez o maior cronista esportivo brasileiro, ao final da copa de 70 colocou-o como um dos três maiores craques do Tri, ao lado de Pelé e Gérson.
Sir Alfred Ramsay, técnico da seleção inglesa campeão de 1966 e que fez o melhor jogo da copa de 70 justamente contra o Brasil, afirmou que mesmo Pelé não era tão difícil de ser marcado quanto Jairzinho, elegendo-o como o maior fator de desequilíbrio a favor do Brasil naquela memorável conquista da Seleção Brasileira.
Durante muitos anos, poderia jurar de pés juntos que a única posição de Jairzinho era mesmo a ponta direita e, somente com o passar do tempo, fui descobrindo que o craque atuava também como ponta de lança e até como centroavante.
Jair Ventura Filho é carioca de Duque de Caxias, onde nasceu em 25 de dezembro de 1944. Órfão de pai desde os dois anos de idade, o pequeno Jair dava um trabalho danado para sua mãe, Dona Dolores.
O Rio de Janeiro vivia a época dourada do futebol brasileiro e o Botafogo era o time da moda. Então, Jair arrumou uma maneira de se aproximar dos astros da “Estrela Solitária”.
O “Furacão” (apelido de Jairzinho), iniciou sua carreira jogando como lateral no ano de 1958. Não como lateral esquerdo ou direito, Jairzinho era um gandula!
O gandula Jairzinho, sempre em volta das linhas que demarcavam o gramado do Estádio de General Severiano, observava os “monstros sagrados” do grande time do Botafogo, campeão carioca de 1957, naquela linha ofensiva formada por Garrincha, Didi, Paulinho, Edson e Quarentinha.
E foi assim, convivendo com tantas estrelas em General Severiano e jogando em times amadores do bairro de Botafogo, que ele acabou caindo nas graças do técnico Egídio Landolfi, o famoso Paraguaio, (ex ponta direita do Botafogo e do América), chegando assim aos times de base do Glorioso.
Rapidamente, ganhou a posição no time Juvenil. Velocista por natureza, procurava praticar o mesmo futebol que observava dos grandes craques, no tempo em que orgulhosamente era um gandula cheio de sonhos.
Tri-campeão juvenil em 1960, 61 e 62, o garoto esperto, ágil e habilidoso começou a ter oportunidades na equipe principal que passava por uma grande reformulação em seu elenco.
Finalmente em 1963 assumiu a posição de titular. Ganhou projeção rapidamente e chegou à Seleção Brasileira que disputou os jogos Pan-Americanos de 1963 em São Paulo, onde sagrou-se campeão da competição.
A convivência com Garrincha trouxe muitos aprendizados, atalhos e segredos da bola. Jairzinho deixou de ser apenas um velocista, ganhando ginga, malícia e muita habilidade.
E foi na posição de ponta direita que Jair começou a substituir o mesmo Garrincha em suas primeiras jornadas no Estádio do Maracanã.
A partir daí, substituindo Garrincha no Botafogo, que formou um outro grande time após o da geração de Garrincha, Didi e Nílton Santos, agora contando com o próprio Jairzinho, Gérson, Arlindo, Roberto Miranda, depois com a revelação de craques como Rogério, Paulo César, Afonsinho, Nei Conceição e Zequinha, era questão de tempo que se afirmasse como craque e titular absoluto da Seleção Canarinho, o que de fato ocorreu após a Copa de 1966.
Muitos afirmam que Jairzinho foi, entre as Copas de 66 e 74, o melhor atacante do futebol mundial. As conquistas consecutivas no Brasil e as vitoriosas excursões ao exterior do Botafogo confirmam tal avaliação. Mesmo na Copa de 1974, quando o Brasil não mostrou um futebol comparável ao de 1970, a Seleção conquistou um honroso 4º lugar, classificação que as seleções de 82, 86, 1990, 2006 e 2010 nem de perto alcançaram.
Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1966, (título dividido entre Corinthians, Santos, Botafogo e Vasco da Gama) o nome de Jairzinho sempre esteve presente nas enormes listas de jogadores do técnico Vicente Feola com vistas à Copa do Mundo de 1966.
Viajou para a Inglaterra e disputou seu primeiro Mundial, alternando em suas posições no ataque canarinho. Após o fracasso da Seleção Brasileira nas terras da Rainha, Jairzinho conquistou o bi-campeonato carioca de 1967/68 e a Taça Brasil, também em 1968.
Naquele ataque memorável formado ao lado de Rogério, Gerson, Roberto Miranda e Paulo Cesar, Jairzinho atuava na posição de ponta de lança e usava a jaqueta dez.
Segundo o próprio Jair, sua partida inesquecível aconteceu contra a seleção da Argentina, no estádio do Maracanã, em 7 de agosto de 1968.
Naquele dia, a camisa canarinho foi defendida, praticamente, pelo time inteiro do Botafogo, com exceção do goleiro Felix do Fluminense, Brito e Nado do Vasco da Gama.
O Brasil (ou melhor, o “Selefogo”) goleou por 4×1, com gols de Valtencir, Roberto Miranda e Jairzinho (2 vezes). Basile descontou para os Argentinos, que saíram atordoados com o show de bola que levaram dos comandados de Zagallo.
Pelas eliminatórias da Copa do México em 1969, Jairzinho voltou a atuar na ponta direita ao lado de Gerson, Tostão, Pelé e Edu. Posição que foi efetivada pelo técnico Zagallo durante o mundial.
Durante a consagrada campanha do tri-campeonato, Jair marcou gols em todas as partidas do time canarinho, feito que até hoje não foi igualado por nenhum outro jogador brasileiro.
A imagem marcante da participação de Jairzinho na Copa do México foi sua comemoração característica, ajoelhado e fazendo o sinal da cruz.
Enquanto jogou pelo Botafogo (em sua primeira passagem), Jairzinho foi pretendido por vários clubes do futebol brasileiro.
A investida mais famosa para tirar Jairzinho do Botafogo foi feita pelo São Paulo, que por muito pouco não levou o craque para o Morumbi. O tricolor, que já contava com o futebol do “canhotinha de ouro” Gerson, sonhava com Jairzinho ao lado de Toninho Guerreiro.
Aconteceu em 1971, quando o Botafogo vivia uma grave crise financeira e os salários do “Furacão” estavam atrasados. Mas o Botafogo depositou em tempo os salários atrasados na Federação Carioca e segurou Jairzinho.
Em 1972, fez parte do elenco campeão da Taça Independência. Na final, disputada contra Portugal no Maracanã, Jair fez de cabeça o único gol do jogo e garantiu a Taça que foi entregue pelo presidente Médici ao capitão Gerson.
Jairzinho permaneceu no Botafogo até 1974 e logo após a Copa da Alemanha, onde teve boas participações, foi vendido para o Olympique Marseille. Ainda antes da Copa de 1974, fez três gols no histórico jogo em que o Botafogo fez 6 x 0 no Flamengo em 1972, no aniversário do próprio. (Jairzinho ainda retornou ao Botafogo em 1981).
Em 1976, de volta ao futebol brasileiro, Jairzinho participou da conquista da Taça Libertadores da América jogando pelo Cruzeiro.
O “Furacão” defendeu ainda as equipes da Portuguesa da Venezuela, Noroeste da cidade de Bauru, o Fast Club do Amazonas, o Jorge Wilsterman da Bolívia e o Nueve de Octubre do Equador em 1982.
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