terça-feira, 11 de outubro de 2016

Judy Is A Punk!



Lembro-me quando escutei pela primeira vez Ramones, eu detestei. Som alto, tosco, parecia mal gravado, juntando a aparência maltrapilha dos músicos me dava uma ideia de que era algum grupo de mendigos. Sim, mesmo a música sendo tocada numa rádio (Fluminense FM, a maldita) eu já tinha visto umas fotos da banda. Eu não lembro qual música era, nem cheguei ouvir a musica toda, bastou alguns segundos para trocar de dial no radio. O som não era “perigoso” só não me tocava. Eu achava um absurdo que aqueles cabeludos que pareciam um bando de motoqueiros terem algum tipo de reconhecimento no mundo do rock. Eu não conhecia o Punk, devia ter 13 ou 14 anos, não sei ao certo. Pra mim o que era o máximo da rebeldia, da Periculosidade eram os Stones, Who e Beatles. Mas certo dia de 1984 caiu em minhas mãos o primeiro disco da banda nova-iorquina, Ramones disco homônimo. Um colega de escola me convenceu a escutar aquele disco, sei lá por que motivos que entusiasmado, dizia “Pô se você curte o The Who pode ter certeza que vai curtir esse disco” eu dizia que não podia ter nenhuma conexão da Banda de Pete Townshend com aquilo. Acabei levando o disco para casa e depois de várias semanas de insistência, num sábado resolvi escutar o disco já com a pré concepção que não iria gostar.  Bem na primeira música uma bordoada de dois minutos e quarenta e um segundos que iria mudar todo o meu conceito em definitivo; Blitzkrieg Bop, uma típica canção dos Ramones que eles se especializaram em fazer durante toda sua carreira. Uma guitarra alta, rápida e o vocal urgente, sem firulas, a partir daquele momento o rock progressivo começava a perder sentido para mim. O que era aquilo? Pensava eu a cada audição... "Judy Is A Punk" "Listen To My Heart”, “I Don't Wanna Walk Around With You" todas muito curtas, barulhentas e rápidas.  Todas davam uma sensação de querer mais. Sim, eu via muita conexão com o Who e o melhor que eu via muito mais. Por certos momentos pareciam ser os Beach Boys tocavam aquilo, só que chapados, alucinados, havia alguma harmonização naquilo como os garotos praianos, mas de uma forma diferente, rápida, cheia de energia adolescente, mesmo que na época eu não tivesse muita noção disso. O colega de escola tinha razão, o som era alto, muito alto! A banda não tinha esmero em tocar, não tinha solos “babantes” de um Jimmy Page ou Rick Wakeman... Mas eu pouco ligava para aquilo naquele momento. O negócio era que eu era apresentado ao punk rock americano. Ramones na veia. Tive sorte alguns anos mais tarde em me deparar com Joey Ramone e seus comparsas por três oportunidades inclusive no malfadado show do Canecão onde houve a famosa treta da bomba de gás, apenas uma típica manifestação adolescente. Bem típico dos Ramones.

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