segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Manga



Ele tinha mãos enormes, cara de mal, era ágil, se colocava precisamente embaixo do travessão, esbanjava autoconfiança, era decisivo, vencedor e foi ídolo por onde passou. Além de tudo isso, se tornou especialista em provocar os rivais, se garantir em campo e ainda fazer pontes impecáveis só para ver a torcida se maravilhar com sua arte de defender uma bola. Haílton Corrêa de Arruda, mais conhecido como Manga, foi o mais legítimo sinônimo de goleiro no futebol brasileiro e mundial durante os anos 60 e 70 e se consagrou eternamente como um dos maiores do futebol nacional em todos os tempos. Campeão por absolutamente todos os clubes por onde passou, Manga fez história com defesas incríveis, coragem em sair do gol e ir de encontro às travas das chuteiras dos atacantes e jogar durante anos sem luvas, fato que lhe rendeu dezenas de machucados e várias contusões em seus instrumentos de trabalho. Mito no Botafogo de Garrincha, santidade no Nacional-URU campeão da América e do mundo em 1971 e lenda no Internacional bicampeão brasileiro em 1975 e 1976, Manga cumpriu tão bem seu papel de goleiro e jogou tanto que a data de seu aniversário (26 de abril) virou o Dia do Goleiro em sua homenagem. É hora de relembrar a carreira desse monstro sagrado do futebol.
Garoto prodígio

Nascido em Pernambuco, o jovem Manga teve uma infância bem pobre no Recife e contraiu varíola em seus tempos de criança, doença que deixou o rosto do futuro craque cheio de marcas, fato este que fez nascer o codinome “Manga”, por causa das “crateras do tamanho de mangas”. Apelido e suas origens à parte, o jovem goleiro era uma verdadeira celebridade nas partidas de futebol de rua do Recife por mostrar desde cedo uma coragem incrível ao se atirar de tudo quanto era jeito para agarrar as bolas chutadas pelos atacantes. Em 1954, Manga brilhou nos juvenis do Sport e passou o campeonato inteiro sem levar um gol sequer. Seu talento despertou rapidamente a atenção da diretoria rubro-negra, que levou o garoto ao time principal para partidas esporádicas em 1955 e 1956. Em 1957, Manga virou definitivamente titular na excursão do clube pernambucano à Europa e não saiu mais do gol. Extremamente frio, seguro, ágil e com reflexos apuradíssimos, Manga conquistou a todos no Sport e foi um dos destaques na campanha do título pernambucano de 1958 ao lado de Walter Morel, Traçaia e Pacoti. Em 1959, o célebre botafoguense João Saldanha convidou o goleiro para jogar no clube alvinegro. O pedido, que foi quase que uma ordem, foi prontamente atendido pelo goleirão, que se mudou para o Rio de Janeiro no mesmo ano.

Além de eficiente e cheio de talento, Manga sempre teve a sorte ao seu lado e uma predestinação única em fazer parte de esquadrões históricos e vencedores. O primeiro deles foi o Botafogo, a nova casa do pernambucano a partir de 1959 e que serviu como ponte para Manga se revelar um dos maiores goleiros do Brasil nos anos 60. Ao lado de craques como Nilton Santos, Didi, Zagallo, Quarentinha, Paulo Valentim, Amarildo e Garrincha, Manga fez parte do maior time da história do Botafogo e também de um dos maiores do futebol mundial. A equipe alvinegra foi uma das poucas naquela época a conseguir bater de frente contra o Santos de Pelé, realizando embates históricos e cheios de gols. Isso, claro, se Manga permitisse travessuras da turma da Vila Belmiro. No Rio de Janeiro, o goleiro conquistou logo no começo da década um bicampeonato carioca (1961 e 1962) e dois Torneios Rio-SP (1962 e 1964), sempre garantindo uma baixíssima média de gols sofridos ao Botafogo e mostrando suas qualidades na reposição de bola, nas defesas impossíveis e, principalmente, com seu sangue frio em momentos decisivos.
Foi justamente no primeiro bicampeonato carioca vencido por Manga (o outro seria em 1967 e 1968) que ele eternizou suas frases a respeito do Flamengo, adversário que ele mais gostava de enfrentar, vencer e deixar as redes de seu gol intactas. Em 1961, o Botafogo derrotou o time da Gávea por 3 a 0 (dois gols de Amarildo e um de China) e, em 1962, repetiu o placar, dessa vez com dois gols de Garrincha e um de Vanderlei (contra). Como na época se pagavam “bichos” para os jogadores em caso de vitórias em determinadas partidas (em especial os clássicos), Manga dizia que “o leite das crianças está garantido” antes das partidas contra os rubro-negros para a alegria da torcida alvinegra.

Além dos títulos nacionais e estaduais, Manga conquistou vários troféus internacionais pelo Botafogo nas muitas excursões que o time de General Severiano fez pelo mundo, o que só fez aumentar o prestígio e fama do goleiro por onde ele passava. Tanta vontade de vencer e o apetite para sair do gol em busca da bola custaram vários dedos quebrados na época e a dificuldade em fechar as mãos com o passar dos anos, muito pelo fato de Manga não utilizar luvas. Ao contrário de muitos, o goleiro não ligava e jogava mesmo assim, como ele mesmo afirmou em entrevista ao site do diário Lance!, em abril de 2013:
“Eu não tinha medo, era corajoso. Quando eu quebrava um dedo, o doutor me engessava e em três ou quatro dias eu já estava jogando de novo. Por isso, eu tenho quase todos os dedos tortos. Essas são as marcas do meu trabalho. Tenho um orgulho muito grande do que fiz na minha carreira. Sempre fiz o melhor, mesmo que estivesse machucado.”Manga, em entrevista ao site do diário Lance!, abril de 2013.

As atuações de Manga com a camisa do Botafogo o levaram automaticamente à seleção brasileira a partir de 1965. Mesmo com a titularidade absoluta de um já veterano Gilmar, Manga fez algumas partidas com a camisa verde e amarela e deu conta do recado, conseguindo uma vaga entre os convocados para a disputa da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. O Brasil não tinha nem de longe a força dos timaços campeões das Copas de 1958 e 1962, mas foi para o mundial cheio de confiança e num ambiente repleto de bagunça. Depois de vencer a Bulgária por 2 a 0 e perder para a Hungria por 3 a 1, a equipe precisava de uma vitória a qualquer custo contra a fabulosa seleção de Portugal, de Eusébio e Coluna, para seguir viva na competição. E foi no jogo mais importante para o Brasil naquela Copa que Manga teve a grande chance de mostrar serviço ao ser escalado como titular no lugar de Gilmar, machucado. No entanto, o que era para ser um show do goleirão frio e cheio de talento virou o maior pesadelo da carreira do pernambucano.
Muito nervoso com o peso de sua estreia em uma Copa, o goleiro não foi nem sombra do titã que os brasileiros estavam acostumados a ver. Logo no começo do jogo, Manga cortou um cruzamento como quem corta uma bola no vôlei e mandou a redonda na cabeça do português Simões, que abriu o placar para a equipe europeia. Minutos depois, novo cruzamento, Manga não se moveu e Eusébio ampliou: 2 a 0. O jogo seguiu terrível para o Brasil, Pelé deixou o gramado machucado e Portugal venceu por 3 a 1. Aquela seria a primeira e única partida de Manga em uma Copa do Mundo, que reconheceu estar em um dia infeliz naquele 19 de julho de 1966:
“[…] Os nervos nos prejudicaram. Eu também não vou negar que acabei sendo influenciado negativamente”.Manga, em entrevista publicada no Jornal da Tarde, outubro de 2003.
O fato é que Manga nasceu para brilhar por clubes, não pela seleção. Em 16 jogos (13 oficiais) com a amarelinha, o goleiro sofreu 16 gols.

Após a Copa, Manga foi duramente criticado pela imprensa brasileira e viveu anos complicados no Botafogo. Mesmo com mais títulos conquistados (incluindo uma Taça Brasil, em 1968), o goleiro perdeu seu prestígio principalmente após uma partida contra o Bangu, em 1967, quando João Saldanha, o mesmo que levou o goleiro ao Botafogo lá no final dos anos 50, disse que Manga havia sido comprado pelos diretores do Bangu para entregar o jogo. Revoltado, o goleiro resolveu se acertar com Saldanha “no braço” e marcou um encontro nada amistoso com o então comentarista na sede do Botafogo. Na hora do “vamos ver”, Manga foi cheio de fúria e convicto de que daria uma inesquecível surra no inimigo falastrão. Como Saldanha não se garantia no braço – e como Manga tinha quase 1,90m e bem mais força – o comentarista foi armado para o encontro e sacou o revólver quando viu o goleirão, dando tiros em direção ao chão. Manga teve que fugir pulando o mais alto que podia o muro do clube. A briga foi o estopim para que Manga deixasse o Botafogo, em 1968, e aceitasse um convite do técnico Zezé Moreira para jogar no Nacional, do Uruguai. Em terras diferentes e calmas, o goleiro teria tudo o que precisava a fim de retomar sua carreira.

Manga chegou a Montevidéu com a missão de colocar o Nacional de volta ao caminho dos títulos e acabar com a longa hegemonia do rival Peñarol, que vinha de títulos marcantes nos anos 60 – incluindo dois Mundiais e três Libertadores. Depois de ver inúmeros goleiros passarem pelas metas tricolores, os torcedores do clube viram em Manga a figura que tanto o time precisava e que tanto eles sonhavam em vibrar e torcer. O apoio dos uruguaios e um ambiente mais calmo e profissional fizeram Manga crescer muito como atleta e a ter mais respeito próprio, deixando para trás as brincadeiras que costumava fazer nos tempos de Botafogo. Em 1969, Manga levantou o primeiro de seus quatro títulos uruguaios consecutivos (1969, 1970, 1971 e 1972) pelo Nacional de maneira invicta, com 16 vitórias e quatro empates em 20 jogos. O goleiro sofreu apenas oito gols na competição e conquistou logo em sua primeira temporada a simpatia de todos, menos dos rivais, que temiam a cara de mal e a imponência do brasileiro na meta tricolor. O caneco foi só o começo de anos maravilhosos do goleiro em solo uruguaio. Em 1971, Manga foi uma das estrelas dos históricos títulos da Copa Libertadores (quando Manga sofreu apenas um gol nos três jogos da final contra o Estudiantes) e do Mundial Interclubes, vencido após empate em 1 a 1 e vitória por 2 a 1 sobre os gregos do Panathinaikos.

As atuações do goleiro ao lado de craques como Ancheta, Masnik, Ubiña, Luis Cubilla, Víctor Espárrago, Luis Artime e Julio César Morales transformaram o brasileiro em uma lenda no Uruguai e no “El Fenómeno”, apelido pelo qual Manga também passou a atender por lá. Titular absoluto e incapaz de dar uma trégua para qualquer goleiro uruguaio ter uma chance na meta tricolor, Manga dominou o gol do Nacional naqueles anos e viveu, talvez, sua melhor fase na carreira, com muita dedicação, seriedade, defesas impressionantes e uma maturidade exemplar, além de ter o imenso prazer de calar estádios adversários por diversas vezes com suas atuações de gala.
Em 1974, com o Nacional já sem suas grandes estrelas e esperando por novos tempos de ouro (que só chegariam em 1980), Manga era a estrela única do time quando protagonizou um lance que só reforçou sua popularidade em Montevidéu. Em um jogo contra o Racing y Calcaterra, Manga deu um chutão para frente bem despretensioso e voltou para o seu gol. A bola chutada pelo brasileiro foi indo, indo até chegar à área do goleiro rival, passar pela cabeça do arqueiro e entrar mansamente no gol: gol de goleiro! Gol de Manga!


Depois de anos maravilhosos no Nacional, Manga deixou o Uruguai para voltar ao Brasil e vestir o manto vermelho do Internacional. A chegada do goleiro foi bem diferente de sua saída, lá em 1969, afinal, Manga vinha de façanhas impagáveis no clube de Montevidéu e com títulos que centenas de craques do país jamais conseguiram ter (Libertadores e Mundial). Outra vez, o goleiro chegou a um clube que tinha grandes jogadores e vivia uma ótima fase, com a conquista de cinco títulos estaduais consecutivos e nomes como Falcão, Figueroa, Carpegiani, Valdomiro e Flávio. Como todo grande time começa com um grande goleiro, Manga transformou o Colorado no maior time do Brasil entre 1975 e 1976.


Em 1975, o Internacional faturou seu primeiro título brasileiro depois de despachar grandes times ao longo de sua campanha, inclusive o Fluminense de Rivellino, que perdeu em pleno Maracanã por 2 a 0 (por que será que o Inter não levou gols, não é?). Na decisão, o Internacional decidiu em sua casa o título contra o Cruzeiro de Nelinho, Raul Plassmann, Piazza, Zé Carlos, Palhinha e Joãozinho. Em um jogo tão pegado, quem brilhou foi a zaga colorada e o goleiro Manga, que pegou tudo naquele jogo e fez a maior defesa de sua carreira segundo ele próprio, após Nelinho cobrar uma falta frontal, a bola sair da barreira, fazer uma curva incrível e Manga se virar todo para espalmar a bola de maneira impecável e inesquecível. Com um gol “iluminado” do zagueiro Figueroa, de cabeça, o Inter, pela primeira vez em sua história, era campeão nacional. Na campanha do título, o Colorado levou apenas 12 gols em 30 jogos. Culpa de Manga…
Em 1976, a equipe repetiu o feito e faturou o bicampeonato, com Manga sendo outra vez fundamental para o título ao não levar gols na final contra o Corinthians (o Inter venceu por 2 a 0) e garantir mais uma vez o impressionante e baixo número de gols sofridos pelo clube vermelho: 13 em 23 jogos.

Depois de se desentender com a direção do Colorado, em 1977, Manga deixou o Internacional e se mandou para o Mato Grosso do Sul, onde foi jogar no Operário, dirigido na época por outra lenda que também brilhou no gol: Castilho. Com um ótimo goleiro no gol e um ótimo ex-goleiro no banco, o time alvinegro conquistou o campeonato estadual de 1977 e fez uma campanha surpreendente no Campeonato Brasileiro do mesmo ano, quando alcançou as semifinais da competição até perder para o futuro campeão, o São Paulo. Manga foi fundamental para a enorme façanha do pequeno time do centro-oeste do Brasil no torneio, que venceu 10, empatou seis e perdeu apenas quatro dos 20 jogos disputados, com 28 gols marcados e 16 sofridos.
Em 1978, Manga foi jogar no Coritiba e também foi campeão, dessa vez do Campeonato Paranaense, mas não antes de protagonizar uma de suas histórias. Antes da decisão do torneio estadual daquele ano, o goleiro conversou com o diretor do clube alviverde para cobrar uma dívida que o clube lhe devia desde a sua contratação. “(Estevão) Damiani, o Manguinha está com um problema. E Manguinha com problema em partida decisiva tem medo de jogar mal e comprometer o time.” Rapidamente, o diretor tirou o talão de cheques do bolso e ia preencher a quantia devida quando foi interrompido pelo goleiro. “Cheque não. Cheque é problema. Manguinha tem de ir ao banco, às vezes assinatura não confere… Manguinha prefere os 100 mil em dinheirinho mesmo”. Tempo depois, o goleiro recebeu, em dinheiro, o valor que o Coritiba lhe devia. Na final, o Coxa foi campeão e Manga fechou o gol, defendendo até pênalti…
Citações extraídas da Manchete Esportiva, 23 de janeiro de 1979, e reproduzidas no livro “Goleiros”, de Paulo Guilherme.
Em 1979, Manga teve a audácia de ir para o Grêmio e conseguir o respeito e admiração da torcida tricolor mesmo tendo defendido o maior rival do clube – o Inter. Desdenhando do Colorado logo em sua apresentação no Grêmio dizendo que “o Inter iria pagar caro e não faria mais gols no tricolor”, Manga conquistou o título estadual de 1979 e manteve sua incrível sina de conquistar taças por onde passava. No começo dos anos 80, já acima dos 40 anos, Manga se despediu do futebol jogando pelo Barcelona de Guayaquil (EQU), onde também foi campeão nacional.


Depois de se aposentar aos 45 anos e ser um dos maiores exemplos de longevidade da história do futebol, Manga passou um tempo descansando suas tão combalidas mãos (que ficaram totalmente deformadas) e virou treinador de goleiros do Barcelona de Guayaquil, tendo contribuído para o surgimento de goleiros como Carlos Morales, Espinoza e o mais famoso deles: Cevallos, ídolo da LDU e herói da conquista da equipe na Libertadores de 2008. Foram quase 30 anos de carreira no exterior até que Manga retornasse ao Brasil, em 2010, para trabalhar no Internacional como embaixador e treinador de goleiros. Em 2012, ainda com um nítido sotaque castelhano, Manga retornou ao Equador por causa da saudade da família e por lá vive até hoje.
Nos anos 70, o tenente Raul Carlesso e o capitão Reginaldo Pontes Bielinski decidiram criar um dia para homenagear os goleiros do Brasil e optaram pelo dia 14 de abril, comemorado pela primeira vez em 1975. Um ano depois, porém, a data mudou para o dia 26 de abril, aniversário de Manga, que ganhou a homenagem graças à sua longevidade (tinha 39 anos na época), talento (era como vinho, quanto mais velho ficava, melhor jogava) e títulos conquistados (faturou naquele ano o bicampeonato brasileiro com o Inter). Até hoje, o Dia do Goleiro é celebrado no país e reverencia todos aqueles que impedem justamente o grande momento do futebol: o gol. E se teve uma pessoa que calou estádios, fez-se ouvir diversos “uuuh” e se impôs como um legítimo guardião dos três postes foi Manga, o goleiro multicampeão por onde passou, o maior goleiro da história do Botafogo, do Nacional, do Internacional e um dos maiores do mundo em todos os tempos. Um craque imortal.

Números de destaque:
Disputou 442 jogos pelo Botafogo e sofreu 394 gols.
Disputou 220 jogos pelo Internacional e sofreu apenas 120 gols.
É um dos brasileiros recordistas em jogos disputados na Copa Libertadores da América: 73 partidas (34 vitórias, 20 empates, 19 derrotas e 69 gols sofridos).

Fonte Site: Tardes no Pacaembu. 














sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Electric Ladyland

Electric Ladyland é o terceiro e último álbum de estúdio de The Jimi Hendrix Experience, lançado em 1968.

Este álbum é visto como o auge da maestria de Jimi Hendrix como guitarrista, e é frequentemente citado como um dos maiores álbuns de rock de todos os tempos. Não foi somente o último álbum do The Jimi Hendrix Experience, mas também o último álbum de estúdio a ser profissionalmente produzido sob sua supervisão. Após Electric Ladyland, Hendrix passou os dois últimos anos de sua vida tentando organizar uma nova banda e gravando uma grande quantidade de músicas.






Faixas

Todas as canções são de Jimi Hendrix, exceto onde comentado
N.º     Título     Compositor(es)     Duração    
1.     "…And The Gods Made Love"       Jimi Hendrix     1:21
2.     "Have You Ever Been (to Electric Ladyland)"       Jimi Hendrix     2:12
3.     "Crosstown Traffic"       Jimi Hendrix     2:25
4.     "Voodoo Chile"       Jimi Hendrix     15:05
5.     "Little Miss Strange"       Noel Redding     2:50
6.     "Long Hot Summer Night"       Jimi Hendrix     3:30
7.     "Come on (Let The Good Times Roll)"       Earl King     4:10
8.     "Gypsy Eyes"       Jimi Hendrix     3:46
9.     "Burning Of The Midnight Lamp"       Jimi Hendrix     3:44
10.     "Rainy Day, Dream Away"       Jimi Hendrix     3:43
11.     "1983… (A Merman I Should Turn To Be)"       Jimi Hendrix     13:46
12.     "Moon, Turn The Tides… Gently Away"       Jimi Hendrix     1:01
13.     "Still Raining, Still Dreaming"       Jimi Hendrix     4:24
14.     "House Burning Down"       Jimi Hendrix     4:35
15.     "All Along The Watchtower"       Bob Dylan     4:01
16.     "Voodoo Child (Slight Return)"       Jimi Hendrix     5:14

Integrantes

    Jimi Hendrix — vocal, guitarra, piano, baixo em "Have You Ever Been (To Electric Ladyland)", "Long Hot Summer Night", "Gypsy Eyes", "1983" "House Burning Down" e "All Along the Watchtower"
    Noel Redding — baixo em Crosstown Traffic", "Little Miss Strange", "Come On (Let the Good Times Roll)", "Burning of the Midnight Lamp" e "Voodoo Child (Slight Return)", guitarra acústico e vocal principal em "Little Miss Strange.
    Mitch Mitchell — bateria (exceto em "Rainy Day Dream Away" e "Still Raining, Still Dreaming")

Músicos adicionais

    Jack Casady - baixo em "Voodoo Chile"
    Brian Jones - percussão em "All Along the Watchtower"
    Al Kooper - piano em "Long Hot Summer Night"
    Dave Mason - doze cordas de guitarra em "All Along the Watchtower", backing vocals em "Crosstown Traffic"
    The Sweet Inspirations - backing vocals em "Burning of the Midnight Lamp"
    Steve Winwood - órgão em "Voodoo Chile"
    Chris Wood - flauta em "1983... (A Merman I Should Turn to Be)

Em "Rainy Day, Dream Away" e "Still Raining, Still Dreaming":

    Larry Faucette - congas
    Mike Finnigan - órgão
    Buddy Miles - bateria
    Freddie Smith - saxofone tenor

Referência para o desenho a modelo Inês Reis

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Harvest

Harvest, quarto disco solo do cantor e guitarrista canadense Neil Young 
O disco, no entanto, marca uma ruptura na vida do cantor. No ano anterior, o Crosby, Stills, Nash & Young se separa e o Crazy Horse deixa de ser uma banda de apoio e assina um contrato próprio.
Sozinho, saiu em uma turnê intitulada Journey Through the Past (nome de um disco seu de 1972 e um dos poucos que ainda não foi editado em CD) e recrutou uma nova banda, The Stray Gators.
Os Gators ficaram sendo uma espécie de Crazy Horse anterior. Com músicos de alto calibre - Jack Nitzsche (piano), Ben Keith (steel guitar), Tim Drummond (baixo) e Kenny Buttrey (bateria), juntaram-se a Neil para produzir um dos discos mais populares da década de 70: Harvest.
Harvest foi o único álbum de Young a chegar ao primeiro posto na parada norte-americana, o mesmo acontecendo com o compacto "Heart of Gold".
Uma das curiosidades é que mesmo tendo se separado do quarteto CSN&Y, os outros três integrantes participaram de alguns vocais de apoio, bem como Linda Ronstadt e até James Taylor, mundialmente famoso por "You've Got a Friend".
O disco foi produzido a oito mãos: além de Neil Young, participaram Elliot Mazer, Henry Lewy e Jack Nitzsche.

Outra curiosidade do disco foi a presença da London Symphony Orchestra em duas faixas, "A Man Needs a Maid" e "There's a World".

Boa parte das gravações aconteceram em Nashville, no Quadraphonic Studios, Nashville; excetuando as duas com a London Symphony, em Barking Town Hall, Londres e outras faixas, no Broken Arrow Studio No. 2, Woodside, na Califórnia.

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado 1

1. "Out on the Weekend" – 4:34
2. "Harvest" – 3:11
3. "A Man Needs a Maid" – 4:05
4. "Heart of Gold" – 3:07
5. "Are You Ready for the Country?" – 3:23

Lado 2

1. "Old Man" – 3:24
2. "There's a World" – 2:59
3. "Alabama" – 4:02
4. "The Needle and the Damage Done" – 2:03 (recorded in concert January 30, 1971)
5. "Words (Between the Lines of Age)" – 6:40

Além de "Heart of Gold" - com vocais de Linda e James - outras duas canções chamaram a atenção: a polêmica já mencionada "Alabama" e "The Needle and the Damage Done", gravada ao vivo e onde Neil mostra o relato de um homem sofrendo com o vício da heroína.

No caso, o homem era nada menos que o Danny Whitten, que morreria meses depois do vício.

"Heart of Gold" foi construída aos poucos. Neil havia chegado em Nashville, em 1971, para participar do programa televisivo do grande mito norte-americano Johnny Cash, The Johnny Cash Show. No mesmo programa encontrou Linda Ronstadt e James Taylor.

O produtor Elliot Mazer havia recém-construído o estúdio Quadrophonic e convidou Neil para fazer seu próximo disco. Após o programa de Cash, Neil levou Linda e James para o estúdio e fizeram o backing vocal de "Heart of Gold" e "Old Man." Foi quando James teve a idéia de usar o banjo de Neil para a canção.

Neil confessa que a canção abriu as portas para ele do mercado norte-americano e o jogou na estrada, onde teria experiências incríveis e até um filho (Zeke) do seu relacionamento com a atriz Carrie Snodgress, nascido no dia 8 de setembro de 1972. Zeke nasceria com paralisia cerebral e seria um de seus dois filhos com o mesmo problema (o outro seria Ben).

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Jairzinho, o furacão!


Jair Ventura Filho, o Jairzinho (Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 1944), é um ex-futebolista brasileiro.

Um dos heróis da Copa de 70, ocasião em que o Brasil conquistou em definitivo a Taça Jules Rimet ao sagrar-se tricampeão. Peça fundamental desta conquista, ganhou o apelido de Furacão da Copa tendo marcado gols em todas as partidas, até agora ninguém mais igualou esta marca.

Considerado por ex-companheiros de profissão e pela parte mais categorizada da crônica esportiva brasileira e estrangeira como um dos maiores atacantes de todos os tempos, unia em doses excepcionais técnica, velocidade, força, preparo físico e valentia, características que o imortalizaram como um dos maiores ídolos do Botafogo de Futebol e Regatas, além de outros clubes pelos quais passou, caso do Cruzeiro de Belo Horizonte e do Olimpique de Marseille.
Tostão, também campeão do Mundo em 1970, depois cronista esportivo de muita credibilidade, considera-o como um dos maiores craques brasileiros de todos os tempos.
João Saldanha, talvez o maior cronista esportivo brasileiro, ao final da copa de 70 colocou-o como um dos três maiores craques do Tri, ao lado de Pelé e Gérson.
Sir Alfred Ramsay, técnico da seleção inglesa campeão de 1966 e que fez o melhor jogo da copa de 70 justamente contra o Brasil, afirmou que mesmo Pelé não era tão difícil de ser marcado quanto Jairzinho, elegendo-o como o maior fator de desequilíbrio a favor do Brasil naquela memorável conquista da Seleção Brasileira.

Durante muitos anos, poderia jurar de pés juntos que a única posição de Jairzinho era mesmo a ponta direita e, somente com o passar do tempo, fui descobrindo que o craque atuava também como ponta de lança e até como centroavante.
Jair Ventura Filho é carioca de Duque de Caxias, onde nasceu em 25 de dezembro de 1944. Órfão de pai desde os dois anos de idade, o pequeno Jair dava um trabalho danado para sua mãe, Dona Dolores.
O Rio de Janeiro vivia a época dourada do futebol brasileiro e o Botafogo era o time da moda. Então, Jair arrumou uma maneira de se aproximar dos astros da “Estrela Solitária”.

O “Furacão” (apelido de Jairzinho), iniciou sua carreira jogando como lateral no ano de 1958. Não como lateral esquerdo ou direito, Jairzinho era um gandula!
O gandula Jairzinho, sempre em volta das linhas que demarcavam o gramado do Estádio de General Severiano, observava os “monstros sagrados” do grande time do Botafogo, campeão carioca de 1957, naquela linha ofensiva formada por Garrincha, Didi, Paulinho, Edson e Quarentinha.

E foi assim, convivendo com tantas estrelas em General Severiano e jogando em times amadores do bairro de Botafogo, que ele acabou caindo nas graças do técnico Egídio Landolfi, o famoso Paraguaio, (ex ponta direita do Botafogo e do América), chegando assim aos times de base do Glorioso.
Rapidamente, ganhou a posição no time Juvenil. Velocista por natureza, procurava praticar o mesmo futebol que observava dos grandes craques, no tempo em que orgulhosamente era um gandula cheio de sonhos.
Tri-campeão juvenil em 1960, 61 e 62, o garoto esperto, ágil e habilidoso começou a ter oportunidades na equipe principal que passava por uma grande reformulação em seu elenco.

Finalmente em 1963 assumiu a posição de titular. Ganhou projeção rapidamente e chegou à Seleção Brasileira que disputou os jogos Pan-Americanos de 1963 em São Paulo, onde sagrou-se campeão da competição.
A convivência com Garrincha trouxe muitos aprendizados, atalhos e segredos da bola. Jairzinho deixou de ser apenas um velocista, ganhando ginga, malícia e muita habilidade.
E foi na posição de ponta direita que Jair começou a substituir o mesmo Garrincha em suas primeiras jornadas no Estádio do Maracanã.

A partir daí, substituindo Garrincha no Botafogo, que formou um outro grande time após o da geração de Garrincha, Didi e Nílton Santos, agora contando com o próprio Jairzinho, Gérson, Arlindo, Roberto Miranda, depois com a revelação de craques como Rogério, Paulo César, Afonsinho, Nei Conceição e Zequinha, era questão de tempo que se afirmasse como craque e titular absoluto da Seleção Canarinho, o que de fato ocorreu após a Copa de 1966.

Muitos afirmam que Jairzinho foi, entre as Copas de 66 e 74, o melhor atacante do futebol mundial. As conquistas consecutivas no Brasil e as vitoriosas excursões ao exterior do Botafogo confirmam tal avaliação. Mesmo na Copa de 1974, quando o Brasil não mostrou um futebol comparável ao de 1970, a Seleção conquistou um honroso 4º lugar, classificação que as seleções de 82, 86, 1990, 2006 e 2010 nem de perto alcançaram. 

Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1966, (título dividido entre Corinthians, Santos, Botafogo e Vasco da Gama) o nome de Jairzinho sempre esteve presente nas enormes listas de jogadores do técnico Vicente Feola com vistas à Copa do Mundo de 1966.

Viajou para a Inglaterra e disputou seu primeiro Mundial, alternando em suas posições no ataque canarinho. Após o fracasso da Seleção Brasileira nas terras da Rainha, Jairzinho conquistou o bi-campeonato carioca de 1967/68 e a Taça Brasil, também em 1968.
Naquele ataque memorável formado ao lado de Rogério, Gerson, Roberto Miranda e Paulo Cesar, Jairzinho atuava na posição de ponta de lança e usava a jaqueta dez.

Segundo o próprio Jair, sua partida inesquecível aconteceu contra a seleção da Argentina, no estádio do Maracanã, em 7 de agosto de 1968.
Naquele dia, a camisa canarinho foi defendida, praticamente, pelo time inteiro do Botafogo, com exceção do goleiro Felix do Fluminense, Brito e Nado do Vasco da Gama.
O Brasil (ou melhor, o “Selefogo”) goleou por 4×1, com gols de Valtencir, Roberto Miranda e Jairzinho (2 vezes). Basile descontou para os Argentinos, que saíram atordoados com o show de bola que levaram dos comandados de Zagallo.

Pelas eliminatórias da Copa do México em 1969, Jairzinho voltou a atuar na ponta direita ao lado de Gerson, Tostão, Pelé e Edu. Posição que foi efetivada pelo técnico Zagallo durante o mundial.
Durante a consagrada campanha do tri-campeonato, Jair marcou gols em todas as partidas do time canarinho, feito que até hoje não foi igualado por nenhum outro jogador brasileiro.


A imagem marcante da participação de Jairzinho na Copa do México foi sua comemoração característica, ajoelhado e fazendo o sinal da cruz.

Enquanto jogou pelo Botafogo (em sua primeira passagem), Jairzinho foi pretendido por vários clubes do futebol brasileiro.

A investida mais famosa para tirar Jairzinho do Botafogo foi feita pelo São Paulo, que por muito pouco não levou o craque para o Morumbi. O tricolor, que já contava com o futebol do “canhotinha de ouro” Gerson, sonhava com Jairzinho ao lado de Toninho Guerreiro.
Aconteceu em 1971, quando o Botafogo vivia uma grave crise financeira e os salários do “Furacão” estavam atrasados. Mas o Botafogo depositou em tempo os salários atrasados na Federação Carioca e segurou Jairzinho.
Em 1972, fez parte do elenco campeão da Taça Independência. Na final, disputada contra Portugal no Maracanã, Jair fez de cabeça o único gol do jogo e garantiu a Taça que foi entregue pelo presidente Médici ao capitão Gerson.

Jairzinho permaneceu no Botafogo até 1974 e logo após a Copa da Alemanha, onde teve boas participações, foi vendido para o Olympique Marseille. Ainda antes da Copa de 1974, fez três gols no histórico jogo em que o Botafogo fez 6 x 0 no Flamengo em 1972, no aniversário do próprio. (Jairzinho ainda retornou ao Botafogo em 1981).
Em 1976, de volta ao futebol brasileiro, Jairzinho participou da conquista da Taça Libertadores da América jogando pelo Cruzeiro.
O “Furacão” defendeu ainda as equipes da Portuguesa da Venezuela, Noroeste da cidade de Bauru, o Fast Club do Amazonas, o Jorge Wilsterman da Bolívia e o Nueve de Octubre do Equador em 1982.











terça-feira, 6 de outubro de 2015

Helga!

Ilustração para a banda carioca Helga

Formada em 2013 por veteranos da cena rock carioca , o HELGA faz um rockão reto, pesado e sem firulas, com doses bem distribuídas de grunge, stoner, hard e metal. Em poucos meses a banda compôs os rocks do seu EP de estreia, que sai pelo selos Brechó Discos e Mobília Music. O trabalho foi masterizado por Chris Hanzsek em Seattle. O Helga recentemente fez sua estreia nos palcos em grande estilo: venceu o concurso Voz Pra Todos do festival Circuito Banco do Brasil e dividiu o palco com Pitty, Skank, MGMT, Paramore e Kings Of Leon. O público comprou o barulho da banda, que saiu aplaudida.
 
 

Modelo: Rafaela Vicente












Capa do single Bon Vivant

domingo, 13 de setembro de 2015

London Calling...

London Calling é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica de punk rock The Clash. Foi lançado em 14 de dezembro de 1979 e representou uma mudança no estilo musical da banda, com elementos mais marcantes de ska, funk, pop, soul, jazz, rockabilly e reggae. As letras apresentavam temáticas sociais, abordando o desemprego, conflitos raciais, uso de drogas e a responsabilidade da vida adulta. Na época do seu lançamento, London Calling teve boa receptividade da crítica e do público. Hoje está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. A faixa-título garantiu à banda seu maior sucesso em single até então.
"Está na hora de evoluirmos. Não faz mais sentindo em escrevermos músicas que ninguém entende os vocais. Nós somos um grupo de rock e não apenas um grupo punk. Temos condições de evoluirmos e tocarmos outros estilos."

Essa frase ocupava a cabeça dos quatro integrantes do The Clash, especialmente a de Joe Strummer. Ao voltarem para a Inglaterra, um sentimento de felicidade tomava conta da banda e eles se viram metidos em um filme que estava sendo conduzido por Jack Hazan e David Hockney, um semi-documentário estrelado pelo Clash e Ray Gange, velho amigo de Joe e que acabou sendo excluído pelas constantes dores de cabeça que provocava, além da bebedeira. Assim, nascia o filme Rudi Can't Fail.
Em 1979 o grupo entra em estúdio novamente e em maio lançam um novo EP, The Cost Of Living. Apesar de tentarem fugir do estigma de "grupo político", o Clash lançou o disco no mesmo mês das eleições gerais na Inglaterra e em duas versões: a primeira contendo a canção "Capitol Radio" e uma entrevista e a segunda, mais caprichada, e com músicas extras: "I Fought The Law", "Groovy Time", "Gates of The West" e a própria "Capitol Radio".

"I Fought The Law" foi bem executada nas rádios e o EP, mesmo não entrando nas paradas, teve boa recepção.

E a banda teve a notícia que Give 'Em Enough Rope havia tido uma boa vendagem na América e que, por causa disso, o primeiro disco da banda seria editado naquele país com algumas modificações.

The Clash era maciçamente importado e esse sucesso acabou convencendo a CBS a editar uma versão americana. O lançamento acabou tendo um desempenho razoável, mas isso não preocupou o Clash. O que preocupava a banda era o novo disco, o terceiro, que historicamente é sempre o mais complicado da carreira de um artista.

Mas o Clash não atravessava um período de crise, ou de falta de inspiração, muito pelo contrário. Joe e Mick compunham febrilmente e a banda decidiu deixar para trás o seu passado punk. Para esse novo projeto, convidaram o produtor Guy Stevens, que havia produzido o grupo Mott the Hoople.

A parceria entre Stevens e o Clash foi tão boa que de repente a banda se viu com várias canções novas e uma constatação: apenas um disco duplo conseguiria mostrar todas as faces do novo som.

uma das várias capas de Rude Boy em VHSO grande problema é que os fãs do grupo sempre foram reconhecidamente pobres e dificilmente poderiam comprar um disco duplo. A saída encontrada pela CBS, porém, acabou resolvendo o dilema: os dois discos seriam colocados em uma capa simples, o que diminuiria o custo e, conseqüentemente, o preço.

Em um mês o disco estava gravado e o grupo acabou voltando para os Estados Unidos para outra série de shows e para consolidar a fama da banda no novo mercado.

Com novos empresários - Peter Jenner e Andrew King, que haviam trabalhado com o Pink Floyd nos anos sessenta - o Clash vivia um bom momento empresarial, longe das confusões do ex-associado Bernie Rhodes.

Uma das primeiras e maiores preocupações dos dois empresários, era impedir que o filme Rude Can't Fail - rebatizado como Rude Boy - fosse lançado. A idéia era tentar acabar - como se fosse possível - com a imagem de "banda política", que havia feito a fama do quarteto.

Aparentemente seria uma tarefa fácil, já que o Clash não havia assinado contrato algum com os diretores, mas Rhodes, que empresariava a banda à época, havia aceitado e já gasto o dinheiro do filme, o que acabou impossibilitando o veto à película, que foi lançada em março de 1980, no teatro Prince Charles, em Londres.

The Clash Take the Fifth foi o nome da turnê que varreu a América e fez da banda um sucesso.

Os shows tiveram lotações esgotadas e os integrantes viveram dias felizes, particularmente Mick Jones, que pode rever sua mãe, que vivia agora em Minneapolis e foi ver seu filho tocar.

A banda foi convidada a participar de um festival chamado MUSE (Musicians United for Safe Energy), realizado no Madison Square Garden, em Nova York, e posteriormente lançado em um disco triplo chamado No Nuke, mas recusou, utilizando a idéia dos novos empresários de não soarem mais como um grupo de causas políticas.

Na volta à Inglaterra, alguns acontecimentos agitariam a vida do grupo. O primeiro, era a notícia que Rude Boy estava já sendo editado. E havia também - e muito mais importante - a iminência do lançamento de London Calling.

Mas antes do disco sair, eles se trancaram em um estúdio com Mickey Gallagher e escreveram novas canções, sendo a melhor delas, Armigideon Time, que queriam colocar no novo trabalho. Mas ela foi deixada para ser o lado B do novo compacto, London Calling.

O single saiu no dia 7 de dezembro, exatamente uma semana antes do disco de mesmo nome. E os dois fizeram um tremendo sucesso, batendo entre os 10 mais na Inglaterra. O disco surpreendia por vários aspectos.

Na capa do disco London Calling a fotografia da capa mostra o baixista Paul Simonon usando seu baixo como se fosse um machado e foi tirada por Pennie Smith durante um show, em Nova York.

Simonon conta que tomou tal atitude por se sentir frustrado com o público, que ficou sentado durante quase toda a apresentação, enquanto, normalmente, na Inglaterra, os fãs pulavam o tempo inteiro.

Pennie contou que não gostou da escolha da foto, pois achava que ela estava fora de foco e apagada. "Só quando vi a concepção de todo o trabalho é que percebi como a foto era perfeita." Mas mais do que a fotografia, o Clash inovava no som - rockabillys poderosos como "Brand New Cadillac", jazz em "Jimmy Jazz" e mostrando que continuavam mais contundentes nas letras do que antes.

O lado mais "político" que tanto horror causava aos novos empresários estava escancarado em faixas com "Spanish Bombs" - inspirada na Guerra Civil Espanhola -, "Working for the Clapdown", "Wrong 'Em Boyo" e na faixa-título.

O grupo homenageava também o ex-ator norte americano Montgomery Clift, ícone da rebeldia na década de 50 e que morreu ainda jovem, na canção "The Right Profile".

E, talvez, a maior surpresa tenha sido "The Guns of Brixton" escrita e cantada por Paul Simonon. Paul conta que queria participar mais das canções e ouviu um conselho que poderia levantar algum dinheiro extra dentro da banda como compositor. "Foi quando tive a idéia de escrever eu mesmo uma canção e cantá-la, o que seria inédito para mim."

O disco trazia as seguintes faixas:

Lado 1

01. "London Calling" 3:19
02. "Brand New Cadillac" 2:09
03. "Jimmy Jazz" 3:51
04. "Hateful" 3:22
05. "Rudie Can't Fail" 3:26

Lado 2

01. "Spanish Bombs" 3:18
02. "The Right Profile" 4:00
03. "Lost in the Supermarket" 3:47
04. "Clampdown" 3:50
05. "The Guns of Brixton" 3:07

Lado 3

01. "Wrong 'Em Boyo" 3:10
02. "Death or Glory" 3:55
03. "Koka Kola" 1:45
04. "The Card Cheat" 3:51

Lado 4

01. "Lover's Rock" 4:01
02. "Four Horsemen" 3:00
03. "I'm Not Down" 3:00
04. "Revolution Rock" 5:37
05. "Train in Vain" 3:11

No Natal de 1979, o grupo anunciou uma nova excursão, a The Sixteen Tons Tour e o grupo foi uma das estrelas do concerto para os famintos de Kampuchea, na última semana do ano, ao lado de Paul McCartney, Queen e Elvis Costello. Um disco duplo do festival foi lançado em 1981 e o grupo cedeu a canção "Armigideon Time".

No entanto, a primeira canção a fazer sucesso nas paradas norte-americanas não constava, curiosamente, nos créditos do disco. "Train In Vain" era a última canção de London Calling, mas por algum erro foi omitida da contra-capa, fato que não impediu a mesma de entrar entre as 30 mais nos Estados Unidos. Anos depois, em uma briga com Paul Weller, do The Jam, Weller diria que o Clash só havia feito sucesso na América ao tentarem fazer uma "cópia de quinta categoria de soul music".

Joe, Mick e Paul conversam com Pete Townshend após o showO grupo estreou uma nova turnê, tendo Ian Dury and the Blockheads como acompanhantes e um convidado mais do que especial em um show em Brighton: nada menos do que Pete Townshend, líder do The Who, que era um grande fã da militância de Strummer e companhia e que tocou em várias canções.

Era o encontro de duas gerações do rock inglês e o reconhecimento público que o Clash tanto precisava. Ou como lembrou Joe: "quando Pete afirmou que gostava muito das novas bandas, em especial o Clash, nos deu a prova de que éramos mais do que uma simples gangue de punks. Não apenas para nós, mas para todos nossos críticos."

Mas a turnê também teve alguns problemas. Topper Headon acabou se machucando e algumas datas precisaram ser remarcadas. Além disso, o baterista e Joe foram molestados pela polícia, que os acusavam de porte de drogas, no hotel Southsea. Enquanto isso, Rude Boy havia sido escolhido para representar a Inglaterra no festival de cinema de Berlim, mas a película enfrentava sérios problemas com a censura, por obscenidade.

Alheios à tudo isso, a banda cai na estrada novamente, desta vez nos Estados Unidos, e Paul Simonon recebe um convite para aparecer em um filme de Lou Adler, All Washed Up, que seria rodado em Vancouver, no Canadá.

As apresentações nos Estados Unidos foram espetaculares e o grupo até virou capa da conservadora revista de música Rolling Stone. Mas a banda enfrentaria novos problemas na Europa.

Em Hamburgo, na Alemanha, durante uma apresentação, fãs mais radicais começaram a vaiar e exigir as canções antigas e xingavam o grupo. Irritado, Joe arremessou sua guitarra contra um deles e foi preso.

Strummer só foi solto após provar que não estava bêbado. Esse foi apenas um dos inúmeros problemas do grupo. Durante a turnê americana, Joe e Mick começaram a discutir, porque o segundo exigia que "White Riot", fizesse parte do repertório da banda, enquanto Joe se negava a cantar a música. Strummer ganhou a briga, mas as rixas internas só aumentavam.

Sobre a confusão em Hamburgo, Joe comentou: "eu quase matei aquele jovem e percebi que deve ter outra maneira de combater a violência que não seja com mais violência. Se estamos sendo empurrados para situações limites em que posso matar alguém da platéia ou ficar brigando com gente dentro da banda, preciso saber realmente o que estamos fazendo. De qualquer maneira, acredito que não estamos produzindo nada de útil, apenas um monte de nada."

capa do compacto Bank RobberE o grupo começou a encontrar projetos paralelos. Enquanto Joe prometia construir seu próprio estúdio e gravar suas músicas, Paul continuava entretido na produção do filme no Canadá e Mick dava uma força em um disco de sua namorada, Ellen Foley.

Em julho de 1980, o grupo acaba com o silêncio de lançamentos do primeiro semestre e lança um novo compacto: Bank Robber / Rockers Galore...UK Tour.

O disco foi produzido por Mickey Dread, um protegido da banda que cantou a faixa do lado B do compacto. O sucesso da canção, uma letra nitidamente anarquista, colocou o compacto no 12º lugar das paradas e mostrou o prestígio do grupo.

capa do compacto The Call UpEm novembro é lançado um novo compacto que dava algumas mostras do novo som: The Call Up / Stop The World.

Mais do que nunca, o Clash se mostrava essencialmente político e pedia o fim do National Service - o alistamento obrigatório - dando inclusive o endereço da organização norte-americana Immobilise Against the Draft, embora o alistamento neste país não fosse mais obrigatório há um bom tempo. "Stop the World" fazia parte da campanha do desarmamento nuclear.

Simonon lembra dos problemas que o Clash enfrentava para conseguir gravar suas canções: "era um verdadeiro pesadelo. Aquele bando de engravatados idiotas chegavam no estúdio e queriam opinar, como se entendessem algo. Teve um que disse que 'The Call Up' parecia David Bowie tocado de trás para frente. Olhamos um para o outro e perguntamos o que diabos ele queria dizer com aquilo."


Joe era outro que sofria com essas interferências: "em uma ocasião joguei a guitarra no colo de um deles e disse 'componha você mesmo uma canção e ficarei na sua sala, com ar-condicionado e fumando um charuto, seu idiota. Cinco minutos depois, o cara veio pedir desculpas e não voltou mais a nos incomodar. Mas sempre aparecia um outro. Era enervante."

Dias depois é lançado no mercado norte-americano uma compilação de nove canções que não haviam sido editadas na América: Black Market Clash.

Apenas um disco oportunista, para faturar e completar a coleção dos fãs na América, enquanto o novo disco ainda não era lançado.

Surpreendentemente, Black Market Clash teve um ótimo desempenho nas paradas norte-americanas (para um disco do Clash...) vendendo lá quase o mesmo número que London Calling e entrando entre os 100 mais. Em 1993, esse disco recebeu o nome de Super Black Market Clash e saiu em uma edição melhorada, com 21 canções, cobrindo toda a carreira do grupo.

domingo, 30 de agosto de 2015

You Really Got Me...

Kinks ou é o auto-intitulado álbum de estréia da banda de rock inglêsa The Kinks, lançado em 1964. Foi lançado com três faixas omitidos como You Really Got Me em os EUA.O álbum foi relançado em 1998 no Reino Unido pela "Castle Records" com doze faixas bônus. Esta reedição em si foi reeditado em 2004 na etiqueta do Sanctuary. A edição de luxo foi lançado em 28 de março de 2011.Allmusic avaliou o álbum como carente de consistência, comentando que "Como artistas de R &B, os Kinks não eram tão hábeis como os Stones e Yardbirds; melodias originais de Ray Davies foram:" You Really Got Me "de lado,
Músicas


Lado A
  
    "Beautiful Delilah" (Chuck Berry) - 2:07
    "So Mystifying" - 2:53
    "Just Can't Go to Sleep" - 1:58
    "Long Tall Shorty" (Herb Abramson, Don Covay) - 2:50
    "You Really Got Me" - 2:13


Lado B

    "Cadillac" (Ellas McDaniel) - 2:45
    "Bald Headed Woman" (Traditional; arranged Shel Talmy) - 2:41
    "Too Much Monkey Business" (Chuck Berry) - 2:15
    "I've Been Driving on Bald Mountain" (Traditional; arranged Shel Talmy) - 2:01
    "Stop Your Sobbing" - 2:10
    "Got Love If You Want It" (Slim Harpo) - 3:45


A versão norte-americana está faltando três faixas. "Eu tomei meu bebê em casa" já havia sido licenciado para Cameo em os EUA como o B-side de "Long Tall Sally", de modo que não puderam ser incluídos. "I'm a Lover Not a Fighter"e a instrumental, "Revenge", foram realizadas mais para o único-álbum americano Kinks-Size.

Músicos:

The Kinks

    
Ray Davies - vocais (2, 3, 5, 7-10, 12-14), guitarra, teclados, gaita
    
Dave Davies - guitarra, backing e chumbo (1, 4, 6, 11) vocals
    
Pete Quaife - guitarra baixo e vocal de apoio
    
Mick Avory - bateria, pandeiroMúsicos adicionais

    
Jimmy Page - doze violão de cordas, guitarra acústica
    
Jon Lord - o piano
    
Bobby Graham - bateria
    
Rasa Didzpetris-Davies - backing vocals em "Stop Your Sobbing"
 

domingo, 23 de agosto de 2015

Meu livro, Rio traço & cores

Depois de um trabalho que levou quatro anos para ser concluído, estou lançando o livro Rio Traço & Cores que mostra o cotidiano do carioca...O Samba, Futebol, o jeito de ser do carioca, a Praia...E claro a cidade do Rio de Janeiro e suas belezas


Confira comprando o livro no site do Clube dos Autores
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domingo, 9 de agosto de 2015

The Lamb Lies Down on Broadway...

The Lamb Lies Down on Broadway é um álbum conceptual da banda britânica de rock progressivo Genesis, lançado em 1974. Foi o sexto álbum de estúdio.
Visão geral

O álbum conta a história surreal do jovem delinqüente porto riquenho Rael morando em Nova Iorque, que é varrido para uma dimensão alternativa com criaturas bizarras e outros perigos para resgatar seu irmão John. Várias ocorrências e lugares descritos derivam de sonhos de Peter Gabriel, e o nome do protagonista é um trocadilho com seu sobrenome.

A maioria das canções do álbum foram escritas por Tony Banks, Phil Collins, Steve Hackett e Mike Rutherford, sem a participação de Gabriel. Gabriel insistiu em escrever a história e todas as letras sozinho, o que causou tensão na banda, em particular pelo fato de Rutherford ter sugerido originalmente um álbum baseado em O Pequeno Príncipe. A ausência completa de Gabriel na composição foi devido aos problemas de sua esposa com sua primeira gestação.

Durante a pré-produção de The Lamb, Gabriel contactou o cineasta William Friedkin, na época aproveitando o grande sucesso de O Exorcista, para um possível filme. Apesar da desaprovação dos outros membros, Gabriel deixou a banda para trabalhar em alguns rascunhos. Apesar do projeto não ter saído do papel, Gabriel acabou voltando para a banda.

The Lamb Lies Down on Broadway foi lançado com críticas mistas, e atingiu a décima posição no Reino Unido, e quase atingindo o Top 40 dos Estados Unidos, recebendo disco de ouro naquele país posteriormente. A banda entrou em turnê mundial após o lançamento, apresentando a obra em sua totalidade 102 vezes. Logo no começo da turnê Gabriel decidiu sair da banda por definitivo, apesar de ter terminado toda ela, tornando o assunto público somente em agosto de 1975.

Uma versão remasterizada foi lançada em CD em 1994 pela Virgin Records na Europa e pela Atlantic Records nos Estados Unidos e Canadá.

Faixas

Todas as canções são creditadas à Peter Gabriel, Steve Hackett, Tony Banks, Mike Rutherford e Phil Collins.
Disco um
Lado A

    "The Lamb Lies Down On Broadway" – 4:50
    "Fly On A Windshield" – 2:45
    "Broadway Melody Of 1974" – 2:10
    "Cuckoo Cocoon" – 2:12
    "In The Cage" – 8:13
    "The Grand Parade Of Lifeless Packaging" – 2:46

Lado B

    "Back In N.Y.C." – 5:43
    "Hairless Heart" – 2:13
    "Counting Out Time" – 3:40
    "The Carpet Crawlers" – 5:15
    "The Chamber Of 32 Doors" – 5:41

Disco dois
Lado A

    "Lilywhite Lilith" – 2:42
    "The Waiting Room" – 5:25
    "Anyway" – 3:08
    "Here Comes The Supernatural Anaesthetist" – 3:00
    "The Lamia" – 6:56
    "Silent Sorrow In Empty Boats" – 3:07

Lado B

    "The Colony Of Slippermen (The Arrival/A Visit To The Doktor/Raven)" – 8:14
    "Ravine" – 2:04
    "The Light Goes Down On Broadway" – 3:33
    "Riding The Scree" – 3:56
    "In The Rapids" – 2:24
    "It." – 4:17

Integrantes

    Peter Gabriel – vocal e flauta
    Steve Hackett – guitarra
    Tony Banks – órgão, piano, piano elétrico RMI, mellotron, sintetizador ARP
    Mike Rutherford – baixo e violão de 12 cordas
    Phil Collins – bateria, percussão, vibrafone, backing vocal e vocal em "Here Comes the Supernatural Anaesthetist" e "The Colony of Slippermen"

Convidados

    Brian Eno

domingo, 2 de agosto de 2015

Aladdin Sane

Ano novo, personagem novo.O Cantor Inglês David Bowie anuncia que agora será Aladdin Sane, um personagem mais insinuante que Ziggy Stardust, personagem do seu disco anterior, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. Com novas composições sendo escritas desde setembro de 1972, Bowie termina as gravações do novo disco no dia 24 de janeiro de 1973 e no dia faz outra viagem de navio até Nova York.

Enquanto isso, Tony DeFries, seu empresário, negocia um novo contrato com a RCA e consegue um aumento. Ao invés dos US$ 37.500 dólares de adiantamento para cada disco, a cifra aumenta para US$ 60 mil em 1973 e US$100 mil, em 1974, além de um aumento nos royalties.

DeFries começa a planejar uma nova turnê de três semanas pela América, mas sem a multidão da excursão anterior. Agora será apenas Bowie, seguranças e a banda. Mas a selvageria continua. Bowie continua cercado de fãs, e dorme com várias delas, ao mesmo tempo em que Angela tinha um caso com o principal segurança do cantor, Dennis.

A turnê abre no Royal Albert Hall, com lotação esgotada e mais de 6 mil clones de Ziggy na audiência. Entre eles, estão Truman Capote, Salvador Dali, Johnny Winter e Todd Rundgren. Durante "Rock 'n' Roll Suicide", Bowie desmaia após um fã pular ao palco. Ele é atendido por uma enfermeira que diagnostica cansaço e Bowie dorme cerca de 12 horas no dia seguinte.

Amigos mais próximos começam a reparar uma mudança drástica na personalidade de Bowie, que encarna ao extremo Ziggy Stardust, abusando das drogas e tendo um estilo de vida absolutamente selvagem. Apesar de magro, Bowie consegue ficar ainda mais debilitado, chegando a pesar apenas 50 kg.

Em fevereiro é lançado um LP duplo pela sua antiga gravadora, London, chamado Images 1966-67, tentando faturar em cima da fama Ziggy, da mesma forma que a RCA tinha lançado no final de 1972 um EP com as canções "Space Oddity", "Moonage Daydream", "Life on Mars?" e "Ain't It Easy".

Em março, janta com o baterista Ringo Starr e dias antes é ameaçado por um fã maluco, de cabelo rosa que o ameaçou matá-lo, para desespero do já paranóico Bowie.

Em abril é lançado um novo compacto, com as canções "Drive-In Saturday" e "Round and Round". O compacto chega ao 3º posto no Reino Unido.

Dois dias depois, Bowie é recebido no Japão, onde faria sua primeira excursão, em clima de total histeria. Bowie é cercado e paparicado pelos japoneses de uma maneira mais intensa do que no Reino Unido. Junto de si, leva a banda, que além dos habituais Mick Ronson, Trevor Bolder, Mick Woodmansey e Mike Garson, contava ainda com o segundo guitarrista John Hutchinson e o saxofonista Ken Fordham.

Bowie usa alguns quimonos durante os shows feitos pelo estilista Kansai Yamamoto, que havia conhecido meses antes, em Nova York. Inspirados no teatro Kabuki, enquanto o fotógrafo Masayoshi Sukita é nomeado assistente do cantor durante sua estadia.
Em 6 de abril é lançado o novo LP, Aladdin Sane. Com vendas antecipadas de 100 mil cópias, é o disco que mais rapidamente vendeu desde o famoso disco The Beatles, também conhecido como Álbum Branco e vai direto ao posto da parada britânica e chega ao 17º lugar nos EUA.Segundo Bowie, seu novo personagem era "Ziggy na América". O nome também fazia um trocadilho com a frase "a land insane (uma terra insana)", que era como Bowie via os Estados Unidos. E a América, aos olhos de Ziggy não era normal. Bowie estava fascinando pelo país e desenvolvia uma relação de amor e ódio pela América.



O Disco
Lado 1

1. "Watch That Man"  – 4:25
2. "Aladdin Sane" – 5:06
3. "Drive-In Saturday"  – 4:29
4. "Panic in Detroit" – 4:25
5. "Cracked Actor"  – 2:56

Lado 2


1 . "Time"  – 5:09
2 . "The Prettiest Star"  – 3:26
3 . "Let's Spend the Night Together" (Mick Jagger, Keith Richards) – 3:03
4 . "The Jean Genie" – 4:02
5 . "Lady Grinning Soul" – 3:46

A América de Bowie era decadente, selvagem e abre com a furiosa "Watch That Man", inspirada no disco Exile on Main St. dos Rolling Stones. Um rock and roll simples, selvagem, rápido.
A segunda faixa é uma das assinaturas de Bowie. A faixa-título. A faixa tinha dois nomes possíveis: " A Lad Insane" e "Love Aladdin Vein", descartada por possíveis alusões às drogas. A letra havia sido inspirada no livro Vile Bodies de Evelyn Waugh.

Bowie viu na estória recheada frivolidade, decadência, uma eminente catástrofe e um interessante paralelo com a sociedade atual. No final, Bowie canta trechos de "On Broadway", clássico dos Drifters, de 1960. O grande charme da faixa é o espetacular solo de Garson ao piano, no melhor estilo avant-garde. Garson conta que esse solo o marcou para sempre: "até hoje, eu falo mais sobre esse solo do que os outros 11 discos que fiz antes, os outros seis que fiz como co-líder de uma banda ou as centenas de gravações que realizei com outros artistas. E duvido que pare de responder as perguntas sobre isto!"

Bowie também brincava com a salsa em "Panic in Detroit" e enfrentou resistências da RCA na faixa "Time". A primeira faixa do lado B falava de masturbação masculina, prostitutas e citava Quaaludes e Billy Doll. Billy Doll era nada menos que Billy Murcia, baterista do New York Dolls, que havia morridos meses antes, em Londres, em uma festa, após ingestão de Quaaludes. O disco trazia ainda uma versão do clássico dos Stones, "Let's Spend the Night Together" e uma homenagem à Iggy Pop, em "Jean Genie". Após a excursão, em mais uma excentricidade, Bowie resolveu pegar o Trans-Siberian Express, ao lado de Leee Childers, vice-presidente da MainMan na América. Uma semana depois estavam em Moscou, onde ficaram dois dias e logo pegaram o Orient Express para Paris, onde encontraram Jacques Brel, retornando em seguida à Londres. Bowie diria que ficara com medo com a probreza vista dentro da União Soviética e que estava aliviado de ter voltado ao "lado ocidental."

Bowie retorna então à Londres para a terceira e última turnê de Ziggy na Inglaterra. Serão 45 shows em 37 cidades e a abertura será em um local novo, o Earl's Court, com capacidade para 18 mil pessoas. O show é um fracasso, devido ao tamanho do palco e as novas estruturas e o segundo show que estava marcado no mesmo local é cancelado. Começava mal a turnê de despedida.

A turnê segue com alguns problemas e apresentações canceladas em alguns lugares e fãs selvagens e sedentos por tocar em Ziggy. Enquanto isso, a RCA pressiona DeFries para uma volta à América, já que a MainMan deve mais de US$ 150 mil à gravadora. DeFries quer tocar em arenas, mas a gravadora prefere locais menores, porém mais datas. O impasse é mantido por meses.

No dia 1º de junho é editado o disco Raw Power, creditado a Iggy & The Stooges. Bowie havia mixado o disco, apesar de Iggy ser contrário à idéia. Seria o último álbum dos Stooges em décadas.

A estafante maratona de turnês tinha criado uma necessidade imensa de privacidade em Bowie. Ele não suportava mais a histeria dos fãs, da mídia. Ao mesmo tempo, alguns outros astros anunciavam sua "aposentadoria", casos de Ray Davies, líder dos Kinks e Elton John. Bowie pensava também nisso, seriamente, embora não tivesse avisado ninguém.

No dia 3 de julho aconteceria o último show da turnê britânica. A RCA pressionava DeFries e Bowie para um novo giro pela América. O concerto no Hammersmith Odeon para 3500 pessoas, foi cercado de grande expectativa, já que seria filmado por D.A Pennebaker, o mesmo diretor de Don't Look Back, filme que registrou a turnê de Bob Dylan, em 1965. Além do filme, havia um plano de lançar um disco duplo, em fevereiro de 1974, com o possível título sendo BOWIE-ING OUT.

O show segue o roteiro habitual, até que Bowie pronuncia as seguintes palavras antes de fechar com "Rock 'n' Roll Suicide": "Everybody...this has been one of the greatest tours of our lives. I would like to thank the band. I would like to thank our road crew. I would like to thank our lighting people. Of all of the shows on this tour, this particular show will remain with us the longest (cheers from the audience) because not only is it...not only is it the last show of the tour, but its the last show that we'll ever do. Thank you."

Foi um choque. Para os fãs, para a gravadora, para a banda e para DeFries. Bowie resolvera dizer adeus sem avisar a ninguém. Ziggy estava morto e Bowie aposentado.

O disco duplo não foi editado em fevereiro de 1974, mas quase 10 anos depois, em 1983, duplo como planejado. E o que era para ser apenas um álbum da turnê acabou virando um documento histórico.

 The Motion Picture Ziggy Stardust traz todas as faixas e na seqüência correta do filme, excetuando as duas em que há participação do guitarrista Jeff Beck. O disco acabou sendo remixado em 1983 para a adição de backing vocals e de um órgão em "My Death", de Jacques Brel.

Logo após o show, um frenesi tomou conta de DeFries e a da RCA, já que o empresário havia concordado com a gravadora e agendado nova turnê na América, com 38 datas a serem iniciadas em 1º de setembro, em Toronto e finalizando em 31 de outubro, em San Antonio, Texas. E De Fries tinha planos ainda maiores. A idéias era que a turnê tivesse 70 shows na América e que depois rumasse para União Soviética e China, em 1974.

Mas Bowie se aposentara, deixando dívidas em aberto, planos cancelados. Anos depois, ele revelou porque havia tomado tal decisão: "eu queria tudo ligado à MainMan ficasse bem longe de mim. Aquilo era um circo, e nunca quis aquele monte de gente ao meu lado, odiava aquilo tudo. Foi um alívio após todos aqueles anos... se eu sentasse em uma mesa, outras 15 pessoas sentavam comigo."

Após quatro dias de descanso, Bowie pegou um barco para Paris, no dia 8, rumando diretamente ao Château d'Hérouville para gravar um disco novo. Ele iria lançar um disco apenas de covers, contendo as suas canções favoritas dos grupos britânicos, dos anos 60. Além dele, Bryan Ferry havia tido uma idéia semelhante e estava gravando o disco These Foolish Things. Quando o líder do Roxy Music, soube que Bowie havia tido a mesma idéia, ficou furioso e tentou, inutilmente, forçar a Island a abrir um processo contra a RCA. Ferry sabia que seu disco seria totalmente eclipsado.

O nome do disco era Pin Ups, mas isso já é outra história

Texto: Fonte site Mofo.





















quarta-feira, 29 de julho de 2015

Livro: Rio traço & cores


Depois de três anos de trabalho árduo, finalmente chega o momento de lançar o meu livro, Rio traço e cores. Nele eu mostro um pouco do cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, suas paixões, belezas e mazelas. 

O livro já esta à venda no site da editora do Clube dos Autores: http://migre.me/r53z8